Aqui está um detalhamento das práticas comumente usadas para ocultar bens durante recuperações judiciais:
1. Transferências Fraudulentas
Devedores transferem ativos para terceiros, como familiares ou amigos, antes de iniciar o processo de recuperação. Isso pode incluir a venda de propriedades por preços muito abaixo do valor de mercado ou a doação de ativos.
2. Subavaliação de Ativos
Os devedores podem declarar bens por valores inferiores ao mercado nos registros contábeis e documentos judiciais. Por exemplo, um imóvel valioso pode ser registrado por uma fração de seu valor real, dificultando a recuperação adequada pelos credores.
3. Criação de Dívidas Falsas
Devedores podem registrar dívidas fictícias com empresas controladas ou associadas. Isso dilui o valor disponível para credores reais, pois parte do patrimônio da empresa é destinada a pagar essas dívidas inexistentes.
4. Uso de Empresas Offshore
Transferência de ativos para contas ou empresas em jurisdições com leis de sigilo bancário e corporativo. Isso torna difícil rastrear e recuperar os bens, pois as informações sobre propriedade são protegidas por leis locais.
5. Diversificação de Ativos
Fragmentar a propriedade de bens em várias entidades legais, tornando difícil para os credores rastrear a totalidade dos ativos do devedor. Por exemplo, um único imóvel pode ser dividido entre várias empresas de fachada.
Exemplos de Práticas Específicas
• Venda Simulada: Vender bens a um preço muito baixo para um amigo ou parente, que posteriormente devolve o bem ao devedor.
• Acordos de Trust: Colocar bens em um trust onde o devedor ainda exerce controle, mas juridicamente não possui os bens.
• Uso de Interpostas Pessoas: Utilizar “laranjas” para manter a titularidade de bens, enquanto o devedor continua a usufruir dos benefícios.
Consequências Legais
Essas práticas são ilegais e, quando descobertas, podem levar à anulação das transferências fraudulentas, à responsabilização penal dos envolvidos e à perda de direitos no processo de recuperação judicial. Os administradores judiciais e credores devem utilizar ferramentas legais, como investigações forenses e ações revocatórias, para identificar e recuperar ativos ocultos.